Os talibãs confirmaram hoje (7) a retomada das negociações com os Estados Unidos (EUA) em Doha, no Catar, três meses após o presidente norte-americano, Donald Trump, ter cancelado as conversações, após um ataque em Cabul em que morreu um soldado americano.
“Hoje, a equipe de negociação do emirado islâmico, liderada pelo respeitado mulá Baradar Akhund [número dois dos talibãs], retomou as negociações com a equipe de negociação dos Estados Unidos a partir de onde foram suspensas”, escreveu em sua conta no Twitter o porta-voz do dos talibãs no Catar, Suhail Shaheen.
Ele disse ainda que as negociações continuam neste domingo (8) e que Anas Haqqani, filho do fundador da rede Haqqani, um importante ramo da rebelião talismã, libertado em novembro de uma prisão afegã como parte de uma troca de prisioneiros, participou dessa negociação como membro da delegação talibã.
Haqqani e mais dois prisioneiros do talibã foram libertados pelo governo afegão em novembro, em troca de dois professores universitários ocidentais, como medida de reforço da confiança, para abrir caminho à retomada das negociações.
A libertação também serviu para aproximar posições entre o governo afegão e os talibãs, que se recusam a negociar pessoalmente com o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, considerado um fantoche do ocidente pelo grupo extremista.
O enviado dos Estados Unidos para a reconciliação afegã, Zalmay Khalilzad, desempenhou um papel ativo no intercâmbio de prisioneiros.
Antes de viajar para o Catar para retomar as negociações de paz, Khalilzad chegou ao Afeganistão na quarta-feira (4) e realizou uma série de reuniões com líderes e políticos no país, incluindo o presidente Ghani.
Ghani pediu a Khalilzad que leve em consideração que para iniciar o processo de paz, os talibãs devem aceitar um cessar-fogo e que as conversações também devem abordar a questão dos refúgios dos talibãs no vizinho Paquistão.
Embora o cessar-fogo, ou pelo menos a redução da violência, tenha sido uma das principais exigências do governo afegão nos últimos meses, o grupo extremista tem se recusado a aceitar, argumentando que deve primeiro assinar um acordo de paz com os Estados Unidos e depois estabelecer conversas com políticos afegãos nas quais o governo também poderia participar.
Os talibãs estão em guerra com os Estados Unidos e o governo do país há 18 anos, quando os EUA invadiram o Afeganistão e derrubaram os fundamentalistas islâmicos do poder.
A interrupção do diálogo de paz entre os Estados Unidos e os líderes afegãos e dos talibãs ocorreu após uma onda de violência que culminou num bombardeamento em Cabul, no qual morreram 12 pessoas, incluindo um soldado norte-americano.
Os Estados Unidos e os talibãs estavam perto de um acordo em setembro, que poderia ter permitido a retirada das tropas norte-americanas do país.
A guerra no Afeganistão, iniciada em 2001, já matou milhares de civis afegãos e mais de 2.400 militares norte-americanos.
*Agência pública de televisão de Portugal