Cotidiano

Rio: Instituto de Biossintéticos e Fibras do Senai inaugura nova sede

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Senai Cetiqt) inaugurou hoje (8) a nova sede do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI), no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), localizado na Cidade Universitária, Ilha do Fundão, zona norte da capital do estado.

O ISI nasceu em janeiro de 2016 e, em apenas três anos, conseguiu mais de 100 projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), dos quais mais de 50 já foram entregues com resultados para a indústria. O gerente do ISI, Paulo Coutinho, disse à Agência Brasil que a mudança do bairro do Riachuelo, na zona norte, para o Parque Tecnológico da UFRJ, vai aproximar o instituto de um local “onde você tem, praticamente, a massa crítica do conhecimento do Rio de Janeiro, além da própria universidade”. Ele lembrou que, na região, estão centros de pesquisas de empresas como Ambev, L’Oreal e da própria Petrobras.

Referência mundial

A atual equipe do ISI é formada por 66 pessoas mas a ideia é que, no prazo de dois ou três anos, esse número se expanda para 100 pesquisadores, 20 funcionários administrativos e 30 pessoas circulantes, envolvendo as empresas que ‘vão ficar um tempo conosco para fazer seus desenvolvimentos, além de oportunidades que a gente deve dar ao pessoal de ‘startups’ (empresas nascentes) e da própria universidade, mestrandos e doutorandos, para virem trabalhar aqui, com nossos equipamentos de ponta”. A meta do ISI, em cinco anos, é se tornar referência nacional e internacional em inovação nas áreas de biologia sintética, intensificação de processos químicos e têxteis técnicos, afirmou Coutinho.

O Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras trabalha com base em três plataformas tecnológicas, que são biotecnologia, engenharia de processos e síntese química, e fibras. Cada uma dessas plataformas tem um foco específico, “onde a gente pretende se tornar referência, até mesmo em termos mundiais, explicou o gerente da unidade.

Biologia sintética

No campo da biologia, a ideia é trabalhar fortemente em biologia sintética, na modificação genética de micro-organismos para a produção de químicos. Paulo Coutinho informou que o ISI tem hoje projetos “para pegar açúcar ou mesmo CO2 (gás carbônico) e produzir químicos específicos para as empresas”.

A infraestrutura do instituto permite também que a equipe trabalhe em projetos e, inclusive, preste serviços na área de sequenciamento de DNA e de síntese de DNA em um futuro muito próximo, revelou Coutinho.

Oportunidades

Na área de síntese química e de engenharia de processos, o ISI tem dois campos fortes de pesquisa. Um deles é voltado para a simulação de processos, onde a unidade ajuda as empresas a identificar oportunidades e, até mesmo, avaliar o potencial dos projetos de P&D. Várias empresas nacionais e estrangeiras estão contratando o ISI para avaliar se aquele determinado projeto de P&D é interessante ou não. “A gente usa um software (programa de computador) que permite montar uma planta virtual, gerando listas de equipamentos, balanço de massa, custos operacionais, Capex (sigla inglesa que significa investimentos em bens de capital). Com isso, a empresa pode decidir se vale ou não realmente a pena investir nisso”.

A outra área forte é a de intensificação de processos. Ela consiste basicamente na miniaturização de equipamentos e a utilização de duas ou mais operações unitárias em um mesmo equipamento. “Você tem uma outra visão em termos de equipamentos utilizados na área de engenharia química”. Ele acredita que essa área deve mudar toda a indústria química no futuro. “Com essa diminuição de tamanho e aumento de rendimentos e produtividade, você vai fazer com que o fator de escala não tenha mais importância. Você pode produzir pequenas quantidades e vai ter o mesmo custo que produzir grandes quantidades”. O ISI já tem sete projetos nesse campo, dos quais dois já vão virar patente.

Sustentablidade

Na terceira plataforma, que abrange fibras, o instituto trabalha no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para a indústria têxtil, como, por exemplo, corantes naturais e enzimas. Paulo Coutinho informou que o ISI também atua na área de funcionalização de fibras, adicionando grafeno a polímeros e produtos funcionais a têxteis, de forma “a ter materiais do tipo têxteis técnicos e mesmo o que a gente chama de ‘wearebles’ (tecnologia vestível), no futuro”.