Cotidiano

Piffero e mais 13 são denunciados pelo MP por supostos desvios no Internacional

O MP (Ministério Público) do Rio Grande do Sul denunciou 14 pessoas por supostos desvios que teriam ocorrido no Internacional. São duas denúncias relacionadas aos crimes investigados na gestão 2015/2016, comandada por Vitório Piffero. Entre os denunciados está o cartola, outros três ex-dirigentes, profissionais liberais e empresários de jogadores de futebol.

A ação contra os denunciados foi apresentada hoje à 17ª Vara Criminal da Capital. O promotor de Justiça Flávio Duarte assina as denúncias. As investigações apontam desvios superiores a R$ 13 milhões, conforme o MP.

“Pela relevância dos fatos, do clube, e mesmo pelo ineditismo dessa investigação, nós designamos a Promotoria Especializada e o nosso Gaeco para que procedessem a essa investigação. [Buscamos] fazer o resgate e a apuração de todos os fatos, para que não restassem dúvidas e fosse possível o esclarecimento completo daquilo que nos foi trazido”, apontou o procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen. Conforme ele, esse é um dos primeiros casos de uma investigação mais profunda dentro de um clube de futebol no Brasil.

Denúncia contra Piffero e ex-dirigentes

Vitorio Piffero quando foi eleito presidente do Inter, gestão 2015-2016. Foto: Vitor de Arruda Pereira/Agora no RS

A primeira denúncia aponta os crimes de organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e falsidade documental. Esses crimes apontados pelo MP são relacionados a obras contratadas, mas não realizadas.

Os denunciados são o cartola Vitorio Piffero e os ex-vice-presidentes Pedro Affatato (de finanças), Emídio Marques Ferreira (de patrimônio) e Carlos Pellegrini (de futebol). Na mesma denúncia constam os nomes de Ricardo Bohrer Simões e Adão Silmar de Fraga Feijó, ambos empresários da construção civil e contabilidade.

Piffero foi denunciado por organização criminosa e a prática de 200 estelionatos, como co-autor do crimes que ocorreram no Internacional.

De acordo com o MP, os dirigentes induziram ao erro funcionários da administração do clube e atestarem obras que não ocorreram. Com isso, teriam faturado cerca de R$ 12,8 milhões. Conforme o MP, eles utilizaram artifícios administrativos e contábeis, entre eles a apresentação de notas fiscais e documentos falsos.

As fraudes foram constatadas em dois momentos: entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016. Segundo o MP, o vice de Finanças, Pedro Antonio Affatato, foi autorizado pelo presidente Vitorio Piffero a fazer 145 saques, que somaram, R$ 9,6 milhões, diretamente da tesouraria do clube. A alegação era que os valores seriam utilizados para o pagamento de obras e prestações de serviços. Ao mesmo tempo, de acordo com o Ministério Público, foram inseridas informações e dados falsos nas notas fiscais emitidas por empresas que seriam ligadas a Affatato.

Situação similar teria ocorrido em 2016. Apenas com uma mudança: Vitorio Piffero determinou que os pagamentos e saques destinados aos supostos serviços de construção civil não ocorressem mais sob a forma de adiantamentos. Eles deveriam ser pagos após a entrega das notas.  Em outras 55 oportunidades, Affatato determinou o pagamento pela tesouraria do montante de aproximadamente R$ 550 mil, com a apresentação de notas fiscais. Outros R$ 2,6 milhões, repassados pelo Internacional para as empresas. Perícia feita pelo MP apontou que as notas eram fraudadas.

Lavagem de dinheiro

De acordo com o MP, Pedro Affatato ocultou, pelo menos, R$ 3,3 milhões, ao realizar depósitos para a empresa Sinarodo, da qual era sócio-administrador. Os irmãos dele, Paola Affatato Leitão dos Santos e Arturo Affatato, também foram denunciados.

A investigação apontou que os depósitos ingressaram como “entradas” provenientes da empresa Rodoseg Segurança e Engenharia Rodoviária Ltda ou como empréstimos.

Pedro Affatato, Pedro Antonio Affatato, Ricardo Bohrer Simões e Adão Silmar de Fraga Feijó também lavaram outros R$ 2,4 milhões, desta vez com esquema diferente. Primeiro, os valores foram destinados às contas das empresas Pier Serviços Eireli, Egel Empresa Gaúcha de Estradas Ltda., Feijó e Giraudo Ltda. (Conserte Certo), Incorporadora Parthenon Eireli e Engenan Empreendimentos Ltda. Em seguida, foram realizados pelo menos 49 saques dessas contas e, posteriormente, Ricardo Bohrer Simões entregou parte dos valores sacados em espécie para Pedro Antonio Affatato, em locais combinados de maneira prévia.

Já Emídio Marques Ferreira desviou R$ 53,4 mil para sua conta pessoal, bem como para a de sua empresa, a Pavitec do Brasil Pavimentadora Técnica Ltda.

Núcleo de futebol denunciado

A segunda denúncia é contra o então vice de Futebol, Carlos Capparelli Pellegrini, o técnico Paulo Cezar Magalhães, os empresários Rogério Luiz Braun, Giuliano Pacheco Bertolucci, Fernando Luis Otto e Carlos Alberto de Oliveira Fedato.

De acordo com o MP, Pellegrini obteve mais de R$ 230 mil como comissões para efetivar a contratação dos jogadores Paulo Magalhães (sobrinho do técnico denunciado), Cláudio Winck, Alisson Becker, Ariel Gerardo Nahuelpan Osten e Réver.

A lavagem do dinheiro obtido ilegalmente também passou por triangulações financeiras semelhantes às praticadas pelo outro núcleo. Todos foram denunciados por estelionato, e Carlos Capparelli Pellegrini, Paulo Cezar Magalhães, Giuliano Pacheco Bertolucci e Carlos Alberto de Oliveira Fedato também devem responder lavagem de dinheiro.

https://www.facebook.com/mprgs/videos/671892650005590/

Os denunciados

  • Vitorio Piffero, ex-presidente
  • Pedro Affatato, ex-vice de Finanças
  • Emídio Marques Ferreira, ex-vice de Patrimônio
  • Carlos Pellegrini, ex-vice de futebol
  • Carlos Eduardo Marques, engenheiro do clube
  • Ricardo Bohrer Simões, empresário
  • Adão Silmar de Fraga Feijó, contador
  • Paola Affatato, empresária e irmã de Pedro
  • Arturo Affatato, empresário e irmão de Pedro
  • Rogério Braun, empresário de futebol
  • Paulo Cézar Magalhães, tio do ex-lateral do Inter de mesmo nome
  • Giuliano Bertolucci, empresário de futebol
  • Fernando Otto, empresário de futebol
  • Carlos Alberto de Oliveira Fedato, empresário de futebol