O Ministério Público do Rio Grande do Sul deflagrou a Operação Caruncho, que tem o objetivo desmontar um esquema sórdido de venda de arroz contaminado para São Paulo e Rio de Janeiro. Três pessoas foram presas.
Os mandados foram cumpridos em Cerro Branco, Novo Cabrais, Cachoeira do Sul, Candelária e Ibiraiaras, e em Sombrio (SC). Em uma das diligências porcos e galinhas em meio a arroz armazenado para ser envasado.
A investigação apurou que 11 pessoas são suspeitas de participarem do esquema de compra de arroz irregular. Os grãos, inteiros e até resíduos de arroz, eram comprados de produtores gaúchos sem a identificação de procedência para beneficiamento e empacotamento. Da mesma forma, os grãos de vários subtipos eram misturados.
Foram coletadas amostras contendo carunchos, fezes de rato e larvas de traças. O grupo também vendia o produto com rotulagem de terceiros, de forma a impedir o rastreamento e a fiscalização. As vendas também ocorriam sem nota fiscal, o que é crime de sonegação de impostos.
Até o momento, o MP detectou a venda das marcas Dio Santo, Meio-Dia, Danata, 5 Estrelas, Riatto, Imperador Rio, Grão D’Ouro, Grão Ouro, Risoleti, Super Mar e Super Compras. Todas eram vendidas para os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro, conforme as investigações.
A Justiça também deferiu pedido do MP para bloqueio de contas bancárias de todos os investigados e das empresas que teriam participação no esquema. O Judiciário também decretou a impossibilidade de venda de diversos veículos dos suspeitos.
Os quatro mandados de prisão temporária são destinados aos principais orquestradores da organização criminosa. As investigações apontaram que a quadrilha usa empresas fantasmas e laranjas para poder operar o golpe do arroz.
Investigados
As investigações apontam um empresário de Cerro Branco como gerente do grupo. Era ele quem realizaria as negociações do arroz, incluindo a logística da contratação e monitoramento dos motoristas dos caminhões transportadores. Ele também seria o responsável pela filial em Sombrio, Santa Catarina. O homem já tem condenações, tanto na Justiça Estadual como na Federal, por manter laranjas como testas de ferro de empresas em que ele era sócio de fato.
Outro envolvido no esquema é o proprietário de um local onde o arroz é beneficiado, embalado e armazenado, em Cerro Branco. Ele seria o responsável por parte das negociações envolvendo compra e venda de arroz, além da aquisição de agrotóxicos, inseticidas e embalagens de forma irregular.
Um morador de Cachoeira do Sul seria o encarregado de outra parte da movimentação financeira do esquema, especialmente em relação à filial em Sombrio (SC).
Por fim, o quarto suspeito é motorista de caminhão, responsável pela distribuição do produto, e foi preso em flagrante por crimes contra as relações de consumo em Guarulhos (SP) em julho deste ano. Ele foi preso em um depósito utilizado pela organização criminosa para embalagem e posterior venda para o varejo no Sudeste.
Os nomes dos investigados não foram divulgados até o momento.