O Conselho Federal de Medicina (CFM) lançou na última sexta-feira (30) o livro “Medicina nas fronteiras – saúde indígena”. A publicação, disponível na internet, aborda os cuidados de imunização, atenção a recém-nascidos e bebês, saúde da mulher, saúde do homem, saúde do idoso e saúde mental.
Os indígenas sofrem com enfermidades da floresta, problemas causados por impacto ambiental e também com o contato com doenças incomuns entre as entre eles, como malária, tuberculose, verminoses, infecções respiratórias, hepatite, doenças sexualmente transmissíveis, câncer no colo do útero e alcoolismo.
O livro do CFM aponta as dificuldades de oferta e manutenção de assistência médica, sobretudo pelo isolamento das comunidades indígenas, algumas em áreas de fronteira. Mas além das distâncias físicas, a publicação ressalta a necessidade de transpor distâncias culturais. “Compreender os conceitos antropológicos subjacentes às diferentes culturas e realidades é fundamental para o oferecimento adequado dos cuidados que a medicina ocidental domina”, recomenda a apresentação da publicação.
“Nosso objetivo é preparar o profissional para que ele possa dar atenção de qualidade. Não basta apenas colocar o médico no local, se ele não tiver condições de fazer o atendimento. Para quem não é do povo e vai fazer o atendimento, procure entender a cultura, isso é importante o relacionamento entre médico e paciente”, pondera a médica Dilza Terezinha Ribeiro, que coordena a Comissão de Integração de Médicos de Fronteira do CFM e é corregedora-adjunta do Conselho.
Médica há 35 anos na região Amazônica, Dilza Ribeiro organizou o III Fórum de Médicos de Fronteira, em Cruzeiro do Sul (AC), a 700 quilômetros da capital Rio Branco, onde foi lançado o livro.
Há uma preocupação especial do CFM com a assistência médica nas áreas de fronteira de 11 estados brasileiros, onde há inclusive aldeias de diversas etnias. Segundo levantamento do conselho feito em 2018, um em cada cinco municípios brasileiros que fazem fronteira com outros países não possui nenhum leito de internação disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Nove de cada dez, não têm leitos em Unidade de Terapia Intensiva. Os 122 municípios que fazem fronteira têm menos de 1% do total dos médicos em atividade no país.