O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse não será calado e nem se intimidará no combate à violência no estado. Ele contestou que esteja incitando a violência ao afirmar que o enfrentamento à criminalidade ocorrerá na mesma medida do poder bélico dos traficantes.
“Tenho certeza e convicção de que ao enfrentar o crime organizado com armas bélicas, só uma resposta pode existir. Na mesma intensidade, o nosso armamento também será usado. Aqueles que nos enfrentam serão abatidos. Isso não é incitar a violência, mas é fazer cessar a violência”, afirmou ao participar da cerimônia de entrega de dez veículos, 350 coletes camuflados e 700 uniformes completos para o Comando de Polícia Ambiental da Polícia Militar (PM), no quartel central da corporação, no centro do Rio. Tanto os veículos como o material foram doados à PM pela Secretaria de estado de Ambiente e Sustentabilidade (Seas).
“Aqueles que querem mudar a versão dos fatos, tumultuar a democracia, escolheram um lado. Um lado oposto ao meu e ao dos senhores [se dirigindo aos policiais]. Oposto aquilo que a democracia exige. Escolheram o lado do terrorismo. Um partido que ingressa no Supremo Tribunal Federal para tergiversar a verdade para mudar a realidade dos fatos, acusando um governador eleito democraticamente de incitar a violência, fecha os olhos para tudo que está ao seu redor e só nos deixa a dúvida de que, possivelmente, o terrorismo conseguiu um braço na política. Vamos avançar nas investigações”.
“Uma conduta contumaz do crime organizado que podemos estar padecendo do mesmo mal. Não colocarão uma mordaça no governador do estado do Rio de Janeiro. Confio no Supremo Tribunal Federal e nos seus magistrados, porque sei que no processo democrático o amplo direito de defesa e o contraditório é sagrado para desmascarar aqueles que de má-fé levam aos tribunais mentiras, calúnias e querem fazer prevalecer a violência contra a sociedade”.
Enterro
No início do discurso, o governador lembrou a morte do segundo sargento da PM, Carlos Otávio Correa dos Santos, que foi baleado ontem na cabeça durante patrulhamento em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Witzel disse que o policial foi brutalmente assassinado por um tiro covarde de facções terroristas.
“Um tiro certeiro, cujo objetivo única e exclusivamente era tirar a vida do nosso policial. Nada foi roubado, nada foi levado, nada para matar a fome de ninguém, mas apenas e tão somente para afrontar o estado democrático de direito. Aqueles que defendem os direitos humanos que abram os seus olhos, porque estes que puxaram o gatilho somente desejam desestabilizar o estado democrático de direito, manter o seu poderio bélico nas comunidades cooptando jovens, destruindo famílias e mantendo um comércio espúrio da droga que alimenta no mundo o terrorismo”.
Ele se solidarizou com Ana Paula, a viúva do sargento e com Lucas , de sete anos, filho do policial. “É mais um órfão dessa terrível saga que o estado do Rio de Janeiro enfrenta contra o crime organizado”.
O governador ao se referir à secretária do Ambiente e Sustentabilidade, Ana Lúcia Santoro, disse que hoje poderia ter sido um dia especial, mas, infelizmente, foi mais uma noite que passou orando e acordou com a dor no peito de ter que enterrar e sepultar mais um dos policiais que tombaram para a liberdade da sociedade.
“A vida precisa seguir e nós precisamos estar de cabeça erguida, porque sabemos do nosso compromisso com o nosso país e o nosso estado. Hoje estamos aqui para dar essa demonstração de que nós não tememos e vamos continuar o nosso trabalho”.
Diante dos integrantes do Comando de Polícia Ambiental destacou que a patrulha é fundamental para coibir mais um dos braços da máfia da milícia do crime organizado no Rio. “A milícia que extrai areia ilegal, lava dinheiro e alimenta esse comércio nefando contra o estado democrático de direito”.
Para Witzel, ao fazer a doação das viaturas à Polícia Ambiental da Polícia Militar (PM), a secretária de Ambiente e Sustentabilidade deu uma demonstração do seu comprometimento com o ordenamento urbano para não permitir que novas comunidades sejam criadas para dar mais espaço ao crime organizado.
O governador parabenizou o secretário de Polícia Militar, general Rogério Figueredo, pelo trabalho que vem realizando mantendo o moral elevado da tropa no enfrentamento ao crime organizado. “Infelizmente essa é uma missão que não acabará nunca, mas certamente vamos reduzir a níveis satisfatórios de civilidade”.
Dos dez veículos equipados doados pela Seas, nove serão usadas pelos agentes do Comando de Polícia Ambiental e da Superintendência Integrada de Combate aos Crimes Ambientais da Seas. Os recursos empregados são do Fundo da Mata Atlântica. A outra viatura será empregada em operações de investigação, checagem de informações, monitoramento e planejamento em áreas de difícil acesso.
O secretário de Polícia Militar, general Rogério Figueredo não estava presente mas em texto lido pelo subsecretário, coronel Márcio Pereira Basílio, disse que de dez anos para cá os crimes ambientais passaram a fazer parte de uma rede mais sofisticada montada por organizações criminosas.
“Esses criminosos continuam atuando no tráfico de animais silvestres, na destruição de florestas nativas para a venda de madeira ou produção de carvão, e na extração ilegal de areia, saibro e granito, mas expandindo as suas atividades para abastecer também empresas clandestinas, que operam na área de construção civil, direta ou indiretamente para fortalecer quadrilhas especializadas em crimes financeiros, que fomentam redes corruptas os tráficos de armas e de drogas”.