A produção brasileira de aço bruto registrou queda de 1,4% no primeiro semestre do ano em comparação com o mesmo período de 2018. Segundo o Instituto Aço Brasil, foram produzidas 17,2 milhões de toneladas de janeiro a junho, enquanto no ano passado saíram dos fornos 17,5 milhões de toneladas de aço.
As vendas no mercado interno tiveram uma ligeira alta, de 1,3%, com a comercialização de 9,2 milhões de toneladas nos primeiros seis meses do ano. As exportações registram queda de 2,4% no volume, que totalizaram 6,7 milhões de toneladas. Em valores, as vendas para o exterior caíram 5,9%, ficando em US$ 4 bilhões.
“Eu diria que foi um semestre muito ruim, frustrando as expectativas”, afirmou o presidente do Aço Brasil, Marco Polo Lopes. Segundo ele, a produção de aço acompanha diretamente o crescimento da economia, que também teve uma expansão menor do que a prevista inicialmente.
Com a economia nacional desaquecida, Lopes disse que as indústrias têm buscado as exportações como forma de escoar a produção. “A grande necessidade de exportação. A indústria siderúrgica brasileira está exportando alguma coisa em torno de 40% da sua produção. É muita coisa, por conta dessa depressão do mercado interno”, ressaltou.
Projeções
O cenário levou o instituto a rever as previsões para o setor. A estimativa no início do ano era de que a produção de aço bruto crescesse 2,2% neste ano. Agora, a previsão é de expansão de 0,4%, chegando a 35,5 milhões de toneladas em 2019. “Tem uma queda forte ao que tínhamos previsto antes, por causa do desempenho do primeiro semestre”, enfatizou Lopes.
A projeção de vendas para o mercado interno foi cortada quase pela metade, saindo de 4,1%, nas primeiras previsões, para 2,5% atualmente. O que significa a comercialização de 19,4 milhões de toneladas. Em relação às exportações, já era esperada uma queda de 6,1%, que foi atualizada para 7,3% em volume e 12,4% em valores, ficando em US$ 7,7 bilhões no ano.
Brumadinho
A queda na produção e os problemas de fornecimento devido ao desastre na mina da empresa Vale, em Brumadinho (MG), também trouxeram impactos negativos para o setor. Segundo o presidente do instituto, houve um forte aumento do preço do minério de ferro no mercado internacional. “O minério, antes de Bumadinho, valia US$ 60 [a tonelada e, após o rompimento da barragem, passou a valer valer US$ 100, US$ 110.
Então, houve aumento monumental no preço do minério. “A qualidade do minério caiu”, disse Lopes.
A instabilidade na produção da principal mineradora do país tem reflexos ruins na indústria do aço. “É uma situação que preocupa o setor, não dá previsibilidade.”