Porto Alegre

Exposições em Porto Alegre abordam diferentes formas de ver o Centro Histórico

A Pinacoteca Aldo Locatelli (Praça Montevidéu, 10 – Centro Histórico) exibe duas exposições separadas por um percurso de tempo de quase 150 anos. A duas mostras revelam diferentes formas de ver o Centro Histórico. A visitação vai até 18 de maio, de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h30, com entrada gratuita.

Na mostra SobrePOA, além de um conjunto de obras do próprio acervo, o destaque é a produção atribuída ao fotógrafo italiano Luiz Terragno, que mostra a cidade na segunda metade do século XIX. Estas imagens são reinterpretadas pelas lentes dos profissionais da prefeitura de Porto Alegre.

A outra exposição, sob curadoria da professora do Instituto de Artes da Ufrgs, Bruna Fetter, propõe um Exercício de Convivência entre nove artistas contemporâneos com diferentes abordagens do fazer artístico. Para a coordenadora de Artes Plásticas da Secretaria Municipal da Cultura, Adriana Boff, a ideia é levar a perceber o espaço urbano como catalisador de diferentes maneiras materiais e simbólicas de coabitação.

“Num plano geral, as duas exposições se encontram ao propor pensar o espaço da cidade, que completa 247 anos, como matéria de convivência de suportes, técnicas e propostas artísticas com pontos de vista diversos e divergentes”, explica a coordenadora

Pinacoteca Aldo Locatelli
Paço dos Açorianos (Paço Municipal) – Praça Montevidéu, 10 – Porto Alegre
SobrePOA e Exercícios de Convivência
Visitação até 18 de maio, de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h30
Outras informações:
Telefone: (51) 3289-3735
[email protected] /
Visitação gratuita

SobrePOA
A exposição SobrePOA foi pensada com a intenção de falar sobre os 247 anos de Porto Alegre. Sabe-se que qualquer narrativa sobre efemérides é uma questão de ponto de vista. A base sobre a qual se constituiu a exposição é uma série de vinte fotografias atribuídas ao italiano Luiz Terragno (1831-1891), considerado o primeiro fotógrafo retratista de Porto Alegre e condecorado pelo Imperador Dom Pedro II como fotógrafo imperial.

As imagens foram obtidas a partir de um ponto de vista inusitado: as torres da antiga Catedral, no mesmo local da atual. Esta perspectiva também conhecida como “voo de pássaro”, por ser vista como uma espécie de sobrevoo, com a capacidade de mostrar imagens detalhadas, fornece vistas panorâmicas da capital gaúcha entre 1865 e a década de 1870, antes de a mesma ter completado cem anos. As fotografias pertencem ao acervo Benno Mentz, abrigado no Instituto Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural.

O projeto SobrePOA propõe estabelecer um diálogo entre as fotografias do “fotógrafo imperial” com obras do acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli. Estas carregam vistas de Porto Alegre do século XIX até o século XX e chamam a atenção em alguns casos para um fenômeno que vai caracterizar as cidades, e não era apreendido pelos fotógrafos locais no século retrasado, que é a presença da multidão. Em pinturas de Angelo Guido e de José de Francesco, diversos ângulos da cidade são plasmados sob o ritmo de pessoas e meios de transporte, mostrando que a condição urbana é entendida também pelo movimento.

Assim como ocorre nas fotografias expostas, não passou despercebida pelos artistas locais e estrangeiros visitantes a determinante relação de Porto Alegre com as águas. Em 1899, por exemplo, o alemão Otto Dinger, pinta “As lavadeiras na Praia do Riacho”, um panorama do litoral sul da cidade próximo a foz do Arroio Dilúvio. As lavadeiras dispostas no primeiro plano imediatamente conferem o tom humanizado à paisagem, além de se tratar de uma raríssima representação pictórica de um elemento popular no século XIX.

Por fim, a exposição apresenta uma retomada do ponto de vista de onde Terragno produziu suas fotografias com a exibição de imagens colhidas pelos fotógrafos da Unidade de Imagem do gabinete de Comunicação Social da prefeitura. Os profissionais se valeram das tecnologias contemporâneas como máquinas digitais e drones para refazer, 150 anos depois da mostra original, a panorâmica do Centro Histórico com a mesma perspectiva aérea do “vôo de pássaro” e também retomando as vistas em 360º da cidade a partir das torres da Catedral Metropolitana.

SobrePOA – artistas da Pinacoteca Aldo Locatelli participantes
Alice Fortes (Porto Alegre, 1903 – 1981)
Angelo Guido(Itália, 1893 – Pelotas, 1969)
Francisco Filsinger (Alemanha, 1898 – Porto Alegre, 1977)
Helios Seelinger (Rio de Janeiro, 1878 – 1965)
João Faria Viana (Porto Alegre, 1905 – 1975)
José de Francesco (Rio Grande, 1895 – Porto Alegre, 1967)
Libindo Ferrás (Porto Alegre, 1877 – Rio de Janeiro, 1951)
Luis Maristany de Trias (Barcelona, 1885 – Porto Alegre 1964)
Ottp Dinger (Alemanha, 1860 – 1928)
Torquatro Bassi (Itália, 1880 – São Paulo, 1967)
Vicente Cervásio (Itália)

Exercícios de convivência
A exposição nasce da reflexão sobre possibilidades, dificuldades e potencialidades de coabitarmos espaços hoje. Portanto, de nos relacionarmos uns com os outros e com o mundo ao nosso redor. Tomando como ponto de partida o prédio da prefeitura de Porto Alegre, símbolo do poder político municipal, que compartilha parte de seu espaço físico com as galerias onde a exposição ocorre, o projeto busca aproximações entre os modos de vida e as regras próprias a cada um destes espaços. Este coabitar, um tanto quanto inusitado, para não dizer pouco usual, estabelece idiossincrasias que tensionam as rotinas administrativas, por um lado, e o lugar da liberdade artística, por outro.

Estarão reunidas no Porão do Paço Municipal obras de Cláudia Hamerski, Daniel Escobar, Diego Passos e Juliano Ventura, Elaine Tedesco, Glaucis de Morais, Guilherme Dable, Letícia Lopes e Rommulo Vieira Conceição. Realizados em diferentes temporalidades, mídias e contextos, abordando distintas noções de convívio, os trabalhos são justapostos em estado de exposição, delineando-se como um exercício de convivência em si mesmo.

Três artistas foram convidados, a partir das particularidades de suas poéticas, a criar obras que habitassem os arredores do Paço Municipal. Assim, a rua, lugar comum a muitos, surge nos trabalhos de Carla Borba, Marcelo Monteiro e Xadalu como um espaço marcado pela tônica da passagem e do desencontro.

Ao mobilizar suas proposições, a intenção é proporcionar, seja nas interferências na paisagem urbana ou em ações pontuais, situações de fruição e participação a um público passante, espontâneo e não especializado.

Artistas participantes
Exercícios de convivência
Bruna Fetter, curadora
Carla Borba
Cláudia Hamerski
Daniel Escobar
Diego Passos e Juliano Ventura
Elaine Tedesco
Glaucis de Morais
Guilherme Dable
Letícia Lopes
Marcelo Monteiro
Rommulo Vieira Conceição
Xadalu