A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) defendeu hoje (22) a retomada das obras da usina nuclear Angra 3. Os empresários entregaram ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, documento sobre o impacto do terminal para a segurança energética e o desenvolvimento do estado fluminense e do país.
Para ambientalistas, os investimentos em energia nuclear devem ser revistos em decorrência dos riscos e dos valores, considerados elevados em comparação às fontes renováveis, como a solar e a eólica, com grande potencial no Brasil.
No documento entregue a Bento Albuquerque, que esteve à frente do Programa Nuclear da Marinha, a Firjan afirma que a energia nuclear, do ponto de vista ambiental, é mais limpa que os combustíveis fósseis, e não emite gases do efeito estufa. Outra vantagem apontada no documento é a “modicidade tarifária no médio prazo”.
Potencial
Na avaliação da federação, a retomada das obras, paradas desde 2015, também tem o potencial de colaborar para o aquecimento da economia, com a geração de 9 mil empregos, investimentos em infraestrutura e redução dos índices de violência na cidade Angra dos Reis, no sul fluminense. A cidade vem sofrendo com disputas de facções que comandam o tráfico de drogas. As obras de Angra 3 foram suspensas em função de evidências de corrupção.
Durante reunião do Conselho Empresarial de Energia da Firjan, na qual participou Bento Albuquerque, o presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, apresentou o projeto de retomada das obras de Angra 3 . Segundo ele, o modelo de licitação deve ser aberto a empresas estrangeiras. Antes, informou que já foram gastos R$ 7 bilhões na usina e ainda falta o dobro, R$ 13,8 bilhões para que fique pronta.
De acordo com a Eletronuclear, empresa responsável por Angra 3, a meta é recomeçar as obras em junho deste ano e entrar em operação entre 2024 e 2025.
Ambientalistas
Organizações não-governamentais, como WWF Brasil, Greenpeace e SOS Mata Atlântica, dizem temer acidentes nucleares. Ambientalistas relembram que desastres de Chernobyl, na Ucrânia e de Fukushima Daiichi, no Japão, deixaram sequelas.
As entidades informam que a construção de usinas e o processo de enriquecimento de urânio têm custos elevados, considerando a necessidade de um complexo depósito de lixo atômico e descarte de equipamentos em desuso.
Para a Coalisão por um Brasil Livre de Usinas Nucleares, os empregos na usina tendem a ser mais especializados, atraindo mão de obra externa.