Cotidiano

Flamengo: Advogados das vítimas se queixam de falta de diálogo

Quarenta e um dias após o incêndio que matou dez atletas no Centro de Treinamento George Helal, o Ninho do Urubu, advogados que representam sete famílias das vítimas reclamaram hoje (19) da falta de diálogo com a direção do clube sobre as indenizações. Confirmado oficialmente, o clube fechou acordo com apenas uma família. Não é revelado o nome do atleta nem o valor da indenização.

“O que a gente pleiteia? A gente quer sentar com o Flamengo, conversar dentro de parâmetros mínimos. O valor estipulado pelo MP [Ministério Público] como base para a gente iniciar uma conversa”, disse a advogada Mariju Maciel.

Ao lado dos advogados Arley Carvalho e Paula Wolff, que representam as famílias de Christian Esmério, Gedinho, Pablo, Jorge Eduardo, Arthur, Samuel e Rykelmo, eles reclamam que o clube não está negociando com as famílias.

“Quem foi o causador da tragédia? Quem foi o negligente na tragédia? Foi o Flamengo. Não foram os familiares. Quem deve ter por obrigação procurar é o Flamengo. E isto não tem sido feito. Não é só para negociar. Não está sendo feito nenhum movimento de carinho”, afirma o advogado Arley Carvalho.

Inicialmente, as famílias de todos os atletas mortos recusaram a indenização proposta pelo clube na reunião de mediação, realizada no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A oferta inicial do clube foi entre R$ 300 mil e R$ 400 mil, além de um salário mínimo mensal por 10 anos para cada família dos atletas mortos.

Outro lado

Em nota, o Flamengo informou que fechou acordo com uma família e que vem negociando com outras três. O clube esclarece que a advogada do atleta Rykelmo chama-se Gisleine Nunes, e que já se reuniu com advogados do clube. “O Flamengo lembra que em reunião no Tribunal de Justiça, no dia 21/2/2019, os advogados não concordaram com os termos propostos e encerraram as conversas”, diz a nota.

O Flamengo também contesta a falta de apoio às famílias. “Nestes 39 dias, o clube procurou estar sempre ao lado das famílias dos atletas, dando suporte financeiro e psicológico. Todas as despesas com transporte, alimentação e hospedagem ficaram a cargo do clube, que não mediu esforços para atender a todas as demandas.”

O clube conclui, informando ter gasto R$ 222.580,30, em passagens aéreas e hospedagem de parentes, advogados e empresários dos jogadores. No texto diz que segue dando uma ajuda de custo mensal de R$ 5 mil para as nove famílias que ainda não acertaram as indenizações.

Segundo o Flamengo, em relação aos 16 atletas sobreviventes, o clube já fechou acordo com 13 famílias e está em negociação com as três restantes.

O incêndio que atingiu o CT do Flamengo, em 8 de fevereiro, no começo da manhã. Na ocasião, vários atletas dormiam. Investigações indicam que houve um curto-circuito no ar-condicionado do alojamento em que estavam os adolescentes provocando o fogo e, consequemente, o incêndio.

Centro de treinamento presidente George Helal, conhecido com Ninho do Urubu, é utilizado pela equipe de futebol do Flamengo. Foto da bandeira destruída depois de um incêndio.

Centro de treinamento presidente George Helal, conhecido com Ninho do Urubu, abrigava o alojamento que se incendiou em fevereiro. – Ricardo Moraes/Reuters/direitos reservados