A queda do Memorial é a derrota do torcedor

A queda do Memorial a Fernandão, ocorrida na manhã desta terça-feira, não foi apenas uma “ação” da diretoria colorada para liberar espaço nos arredores do Beira-Rio. É muito mais do que isso. É uma PATROLADA sobre o sentimento do torcedor. Era a principal referência do amor da torcida ao seu ídolo maior. Há pouco mais de um ano, num acidente de helicóptero, morria Fernandão – precocemente – numa fatalidade. Àquela manhã, a comoção tomou conta do Rio Grande e do Brasil. Colorados e gremistas se uniram em homenagens a Fernandão por toda uma tarde em frente ao estádio Beira-Rio. Um movimento que pouco havia sido visto em mais de cem anos de rivalidade.
O sentimento é de raiva, acima de tudo. Uma das homenagens mais lindas já vistas no Gigante. A homenagem de uma torcida gigante a um gigante. Podem até falar que “ainda tem a estátua”. No entanto, o sentimento, a LÁGRIMA do torcedor, estava marcada naquele memorial muito mais do que qualquer outra coisa. Não era algo previsto, aquilo era o amor em palavras. Não era a reprodução de uma imagem (tal qual a que tem dentro do estádio, que mostra o memorial ainda intacto), era o material em concreto. A imagem é abstrata, o memorial original era a obra-prima.
De que adianta fazer um mosaico maravilhoso no próximo domingo, se a direção derruba a principal e mais linda homenagem do torcedor? O que vale, acima de tudo, é o que o torcedor sente. Quem move o clube é o torcedor. Se acabarem com o amor, o futebol vira apenas espetáculo. Todos sabemos que não é assim. A queda do Memorial simboliza o que é o futebol atualmente. Onde os dirigentes tampouco importam-se com o torcedor, mas com o “clube”. De forma errônea.
Fernandão segue gigante. A torcida segue maior ainda. O clube, que depende da torcida, cresce junto. Entretanto, a diretoria dá um tiro no seu próprio pé. Passarão outros vários presidentes, mas o que fica é a instituição. O clube. Não há desculpa para o que foi feito na manhã desta terça-feira. O que era para ter ficado eternizado, foi destruído em poucos minutos. O amor segue intacto, mas, a base do clube, abalada. É a maior derrota do torcedor em 2015.