Cotidiano

Após quase oito anos, Cósme Polêse faz a sucessão na presidência da SCGÁS

Depois de quase oito anos, Cósme Polêse deixará a presidência da SCGÁS. Indicado pela Celesc, acionista majoritária da empresa, assumirá o cargo de presidente da SCGÁS o empregado concursado, engenheiro Willian Anderson Lehmkuhl.

Polêse avalizou a escolha do novo gestor. “O Willian é um dos talentos da SCGÁS, técnico muito capaz e atualizado. Na minha gestão o trouxe da área de tecnologia da empresa para me auxiliar nos aspectos de gestão de segurança operacional e o nomeamos, em parceria com a Abegás, para atuar em diversos períodos de comitês de trabalho da International Gas Union, principal corporação de gás natural do planeta. Tenho certeza que nas mãos dele a empresa dará seguimento ao importante compromisso de acelerar as ações que visam a universalização da oferta do gás, promovendo atendimento igualitário ao grande mercado de consumo catarinense”, disse o ex-presidente.

Segundo Polêse, os últimos anos foram voltados à ampliação da rede de distribuição e do número de clientes, ofertando um gás natural competitivo para contribuir com o desenvolvimento econômico de Santa Catarina.

Conforme a SCGás, o lageano Polêse sairá do cargo com um saldo positivo, apresentando uma evolução no serviço prestado pela empresa aos catarinenses durante o período de outubro de 2011 a janeiro de 2019.

“Fazer a gestão de uma sociedade de economia mista visando à universalização do gás natural, com foco no cliente, na expansão da infraestrutura e na oferta de um energético competitivo em relação aos outros, é uma obrigação do gestor que passa por aqui”, afirma Polêse.

Entre os principais projetos conduzidos durante período em que esteve na presidência da SCGÁS estão a ampliação dos investimentos da distribuidora – foram investidos cerca de R$ 200 milhões, 71 novas indústrias e mais de 10 mil unidades residenciais tiveram acesso ao gás natural, 200 novos quilômetros de redes foram instalados e cinco novas cidades atendidas -, a aproximação da empresa com o mercado consumidor, a aceleração do processo de atendimento a novos consumidores, o lançamento da Política de Comunicação da empresa e a introdução das premissas de transparência como ferramenta de gestão, possibilitando uma aproximação com o mercado. “Havia um conflito severíssimo, de desconfiança e desentendimento entre o mercado consumidor e a empresa. Nós buscamos construir e fazer com transparência o trabalho, de forma que o mercado hoje participa e acompanha nossas ações, tem confiança de que os processos estão tecnicamente adequados e que o custo do gás repassado aos consumidores é exatamente aquilo que a norma estabelece”, declara Polêse.

A modernização da agência reguladora para fiscalizar e orientar a prestação de serviços públicos concedidos no estado foi um grande avanço também. Polêse constata que ainda há diversas questões que precisam ser resolvidas, mas que “estamos no caminho para isso. Hoje é possível afirmar que em Santa Catarina temos uma agência reguladora operante, fiscalizadora, que acompanha de perto as ações da empresa”.

No período de gestão – Polêse foi o presidente com mais tempo exercendo o cargo desde a fundação da empresa – a tarifa praticada pela SCGÁS se manteve como a mais competitiva do Brasil. Polêse diz que “nós procuramos nesse período de gestão estabelecer uma tarifa competitiva, muitas vezes até numa situação difícil para a companhia, mas necessária segundo a realidade do mercado. Vivemos para os consumidores que são os que geram emprego e renda para nosso Estado”.

Na sua gestão a empresa também passou a reter parcela significativa das margens de lucro para garantir a boa operação da empresa e mais investimentos. “Distribuímos aos sócios o mínimo legal exigido por lei. Apenas 25% dos lucros registrados foram repassados aos acionistas. Os saldos restantes mantivemos no caixa da empresa para as ações de desenvolvimento de infraestrutura e operação, com a difícil travessia recessiva que atravessamos”, cita.

Desde que assumiu o cargo de presidente, Cósme Polêse foi responsável pela continuação do Serra Catarinense, um dos maiores projetos de implantação de rede de distribuição de gás natural em execução no Brasil. A terceira etapa do projeto, que consistia na construção de 38 quilômetros de gasodutos entre os municípios de Ibirama e Rio do Sul, teve início em 2013 e foi concluída ainda no primeiro semestre de 2016.

Polêse celebra o avanço da rede pelo estado. “O desafio de interiorizar nos levou a fazer uma infraestrutura num dos territórios mais difíceis do estado por conta do solo rochoso, no Vale do Itajaí. Foi um desafio enorme, construir uma infraestrutura com 12 polegadas de diâmetro passando por baixo do rio Itajaí-Açu em determinados trechos, mas nós o vencemos e chegamos até Rio do Sul”, afirma.

As próximas etapas do Projeto Serra Catarinense prometem continuidade à construção da rede de gás natural até os municípios de Trombudo Central e Pouso Redondo. Já está assegurado um planejamento com recursos programados para dar continuidade à infraestrutura desse trecho e a licitação deve ser concluída ainda em 2019. “Encaminhei ao Conselho de Administração o pedido de contratação para construção do trecho que levará o gás natural de Rio do Sul à Trombudo Central”, afirma.

Polêse se diz gratificado também por ter dado início no ano passado às obras da primeira rede de distribuição local e isolada do estado, em Lages. Este projeto consiste na construção de um trecho de gasodutos desconectado da rede principal, que pode ser abastecido por veículos que transportam o gás natural comprimido ou líquido até o local de distribuição.

Hoje, Rio do Sul é o município mais à Oeste de Santa Catarina que possui oferta de gás canalizado e as redes estruturantes são uma alternativa para antecipar a oferta do gás natural. Os primeiros clientes devem iniciar o consumo ainda no segundo semestre deste ano.

Levar o gás natural para as cidades do interior do estado é sinônimo de crescimento econômico, diz Polêse. “Esse foi um dos objetivos de mina gestão, pois “onde o gás natural chega ele promove uma equação de geração de emprego, elevação de renda e melhoria da qualidade dos produtos”, explica.

O gás natural também se apresenta como um combustível que proporciona uma combustão limpa e isenta de agentes poluidores, proporcionando um crescimento sustentável.

“O gás natural é amigo do meio ambiente e nesse processo de evolução civilizatória que nós estamos vivendo atualmente, os clientes que importam produtos aqui em Santa Catarina querem ter conhecimento, ciência e certeza de que o produto que estão comprando tem uma equação amigável ao meio ambiente,” garante.

A expansão de mercado e aproximação com consumidores, segundo Polêse, proporcionaram sucessivos recordes de venda do gás natural ao longo dos últimos anos em Santa Catarina. Em 2018, foram registrados recordes em março, abril, julho, agosto e mais recentemente em outubro, quando foram entregues 62,9 milhões de m³ de gás natural aos consumidores, atingindo o maior recorde na história da distribuidora desde o início de sua operação. O pico de consumo, que chegou a 2,21 milhões de m³ no dia 30 de novembro do ano passado, também foi recorde.

O atual contrato de suprimento de gás natural da SCGÁS termina em 2020 e uma chamada pública para contratação de um novo supridor de gás está em curso. Diversas possibilidades despontam como alternativas para o novo suprimento, entre elas um terminal de gás natural liquefeito que deve ser instalado pela Golar Power em São Francisco do Sul.

Conforme Polêse, os avanços registrados na Companhia nos últimos anos foram muito importantes, mas ainda há muito para ser feito. “Outros desafios precisam ser enfrentados, principalmente a discussão para ter um terminal de gás natural liquefeito em Santa Catarina e uma condição de interiorizar o gás para que possamos ofertá-lo aos municípios que se encontram no oeste do estado, em todas as regiões. Entendo que teremos unidades autônomas de gás natural espalhadas pelas cidades do interior como grande ferramenta de interiorização do insumo”, analisa.

Questionado se deixou alguma ação mais relevante para executar o ex-presidente cita o processo de governança da empresa como o grande desafio para o futuro.

“O serviço público de distribuição de gás natural é propriedade do estado e, em consequência, da sociedade. A SCGÁS deve operar segundo essa realidade, onde se prioriza a universalização da oferta do insumo, o atendimento de novas regiões e a atenção irrestrita aos diversos mercados de consumo que utilizam o gás natural. Para que isso aconteça mais fortemente o governo catarinense deve ser o protagonista na gestão da companhia”, defende.