O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu à Justiça a prisão preventiva de um grupo de milicianos que agia em condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Segundo o MPRJ, os milicianos expulsavam os moradores de suas casas e vendiam os imóveis para terceiros, sem conhecimento ou consentimento dos proprietários.
As denúncias foram apuradas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em conjunto com a Polícia Civil, na Operação Héstia. Conforme as investigações, o grupo agia nos condomínios Bahia, Alagoas, Maranhão, Ceará e Fazendinha, localizados no bairro Jardim Paraíso.
De acordo com o MPRJ, os milicianos vendiam os imóveis sem que os proprietários soubessem e, quando estes tomavam conhecimento da transação, eram expulsos de seus apartamentos ou encaminhados à prefeitura de Nova Iguaçu, ao Setor de Habitação, para que fossem realocados em outras unidades dentro dos próprios condomínios.
A denúncia envolve oito milicianos, entre eles, duas mulheres, que obrigavam os moradores a comprar cestas básicas vendidas pelo grupo, além de cigarros contrabandeados, sinal clandestino de TV a cabo e compra de botijões de gás. O Ministério Público pediu à Justiça a prisão preventiva de todos os envolvidos.
O nome da operação é uma alusão à deusa grega Héstia, protetora do lar, da harmonia e da cidade, em razão da atuação ilegal da milícia em condomínios do Minha Casa, Minha Vida.
O esquema contava com a participação de um suposto funcionário da Light, que efetivava o cadastro dos novos moradores junto à concessionária, como se fossem os reais proprietários das unidades, com o intuito de validar a invasão, conferindo aparente legalidade à situação.
Um dos líderes da milícia, Leandro Menezes Barboza, conhecido por ‘Batata do Aliança’ dava as ordens na comunidade, tendo sido apontado como autor de homicídios praticados como forma de demonstração de força e poder.
Em nota, a Caixa Econômica Federal informou que recebeu 17 boletins de ocorrência referentes à invasão de unidades nesses condomínios. Segundo a nota, nos casos em que o contrato já estava assinado e houve apresentação de requerimento de distrato com enquadramento em uma portaria do Ministério das Cidades, os beneficiáriosforam transferidos para outras unidades. “O banco esclarece ainda que já adotou as providências para o ajuizamento de ação de reintegração de posse das referidas unidades,”
Com relação à denúncia, que cita um suposto funcionário da Light, que cadastrava os novos moradores junto à concessionária, a companhia informou que, até agora,não recebeu qualquer informação do Ministério Público sobre o caso. “A Light está à disposição e, caso o Ministério Público tenha mais detalhes, solicita que o órgão (…) compartilhe informações para que a empresa acione a sua área de inteligência para apurar a denúncia e tomar as devidas providências”, informou, em nota a concessionária.