O presidente Michel Temer e o presidente eleito, Jair Bolsonaro, participaram na manhã de hoje (14) da cerimônia de lançamento ao mar do submarino Riachuelo, no Complexo Naval de Itaguaí (RJ). O Riachuelo é o primeiro do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, que tem parceria com a França.
A primeira-dama Marcela Temer, madrinha do Riachuelo, batizou o submarino quebrando uma garrafa contra o casco e pediu a bênção ao submarino e aos marinheiros que o navegarem.
“Estamos dando prova renovada da excelência da nossa indústria naval. Estamos mostrando que juntos somos capazes de superar qualquer desafio. País de vocação pacífica, o Brasil constrói seu submarino, não para ameaçar quem quer que seja, não para perturbar a tranquilidade das águas internacionais. O Brasil constrói seus submarinos, porque um país com mais de 7 mil quilômetros de costa, não pode prescindir de instrumentos para defesa de sua soberania e suas riquezas marinhas”, disse Temer, que descerrou a placa.
Dirigindo-se a Bolsonaro, Temer disse ter a “mais absoluta convicção” que o presidente eleito e sua equipe farão um “extraordinário governo”. “Não só pelo que revelaram nas suas falas, mas pela história do presidente Bolsonaro e daqueles que compõem a sua equipe”.
O elevador de lançamento ao mar, com 34 guinchos, foi acionado em conjunto pelo presidente Michel Temer, pelo comandante da Marinha, almirante de esquadra Leal Ferreira e pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro. O processo de descida demorou meia hora.
Bolsonaro não discursou. O comandante da Marinha destacou que o projeto contou com troca de conhecimento com a França e capacitação de profissionais e empresas brasileiras. “O batismo e lançamento ao mar inaugura uma nova fase de preparação do Riachuelo. Ao longo dos próximos meses serão feitos testes de funcionamento de seus equipamentos, antecedendo a incorporação à esquadra. Em breve, o submarino será um instrumento de coação em consonância com os preceitos da estratégia de defesa do país”.
O ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, lembrou ao discursar que o Brasil é o 10º país com maior área marítima e possui riquezas inestimáveis nesse território, batizado de Amazônia Azul, como 95% da produção de petróleo nacional. Com o Prosub, sublinhou ele, além de proteger esse território, o país forma mão de obra qualificada e movimenta a economia e a geração de conhecimento.
“Hoje é dia a ser celebrado, sem ufanismo, mas com muito otimismo e muito orgulho”, afirmou Silva e Luna. O ministro acrescentou que o programa requer perseverança, continuidade de esforços e investimentos.
O diretor presidente da Itaguaí Construções Navais, André Portalis, destacou a parceria com a França em seu discurso na abertura da cerimônia. Diante das autoridades brasileiras, ele lembrou que a tecnologia francesa de construção de submarinos foi assimilada no complexo industrial que produzirá também o primeiro submarino com propulsão nuclear do país.
“Ele é uma combinação da tecnologia francesa com as necessidades da Marinha do Brasil. Uma tropicalização para proteger o vasto e precioso patrimônio da Amazônia Azul”, disse ele, que afirmou que o complexo industrial ganhou produtividade e poderá atender demanda de países aliados do Brasil e da França no futuro. “Estamos apenas no início de uma grande caminhada tecnológica e estratégica”.
A etapa final de montagem do Riachuelo começou no dia 20 de fevereiro. Com 72 metros de comprimento e 1.700 toneladas, o submarino tem capacidade para 35 tripulantes e atinge a velocidade de 20 nós, o equivalente a 37 quilômetros por hora. Os armamentos são torpedo, mina e mísseis, com autonomia de 70 dias.
O submarino passará por testes durante dois anos, para depois ser incorporado à Marinha. O cronograma de lançamento ao mar dos submarinos do Prosub é: Humaitá em 2020, Tonelero em 2021, Angostura em 2022 e o nuclear Álvaro Alberto em 2029.
O Brasil conta atualmente com cinco submarinos, sendo um da classe Tikuna, construído no Brasil e que ficou pronto em 2008, e quatro da classe Tupi, sendo o primeiro construído na Alemanha entre 1987 e 1989 e os outros três, iguais ao alemão, montados no Brasil, mas sem transferência de tecnologia, nas décadas de 1990 e 2000.
Amazônia Azul
Para proteger o patrimônio natural da chamada Amazônia Azul (área de 3,5 milhões de quilômetros quadrados) e garantir a soberania brasileira no mar, a Marinha informou que tem investido na expansão da força naval e no desenvolvimento da indústria da defesa. O Programa de Desenvolvimento de Submarinos é parte essencial desse investimento.
A Estratégia Nacional de Defesa, lançada em 2008, estabeleceu que o Brasil tivesse “força naval de envergadura”, incluindo submarinos com propulsão nuclear. Neste mesmo ano, foi firmado acordo entre Brasil e França com três condições: transferência de tecnologia, nacionalização de equipamentos e sistemas e capacitação de pessoal.
*Colaborou o repórter da Agência Brasil – Vinícius Lisboa.