O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, lamentou hoje (11) a possibilidade de o Brasil se desassociar do Pacto Global sobre Migração. Segundo ele, o pacto não autoriza a imigração de forma indiscriminada nem atinge a soberania dos países.
“A questão é sim uma questão global. Todas as regiões do mundo são afetadas pelos fluxos migratórios, ora como pólo emissor, ora como lugar de trânsito, ora como destino. Daí a necessidade de respostas de âmbito global”, disse o ministro na sua conta no Twitter. O chanceler participa, em Marrocos, da conferência do Pacto Global Sobre Migração, que foi aprovado por aclamação por cerca de 150 países, incluindo o Brasil.
Para o ministro, é fundamental “respostas no âmbito global” para a questão dos imigrantes. “Eu o aprovei porque ele simplesmente contém recomendações de cooperação internacional para combater a migração irregular e conferir tratamento digno aos migrantes, entre os quais a cerca de 3 milhões de brasileiros que vivem no exterior.”
A afirmação de Aloysio Nunes ocorre um dia depois de o futuro chanceler, Ernesto Araújo, defender a saída do Brasil do pacto. “O governo Bolsonaro se desassociará do Pacto Global de Migração que está sendo lançado em Marrakech [Marrocos], um instrumento inadequado para lidar com o problema. A imigração não deve ser tratada como questão global, mas sim de acordo com a realidade e a soberania de cada país”, afirmou ontem (10) o futuro chanceler em sua conta no Twitter.
Para o atual ministro Aloysio Nunes, o pacto é compatível com a realidade brasileira. “Li com desalento os argumentos que parecem motivar o presidente eleito a querer dissociar-se do Pacto Global sobre Migrações. O Pacto não é incompatível com a realidade brasileira. Somos um país multiétnico, formado por migrantes, de todos os quadrantes”, disse o chanceler.
O ministro acrescentou ainda que o Pacto Global sobre Migração é uma referência para o ordenamento dos fluxos migratórios. “O pacto tampouco autoriza migração indiscriminada. Basta olhar seu título. Busca apenas servir de referência para o ordenamento dos fluxos migratórios, sem a menor interferência com a definição soberana por cada país de sua política migratória.