Logo no início da manhã, houve apresentações de capoeira e do grupo Afoxé Filhos de Gandhi. “Depois de 130 anos da abolição [da escravidão] não concluída, quando os negros foram jogados à própria sorte, o Estado não se preparou para essa abolição. Construiu-se um apartheid social, quando a mão-de-obra escravizada foi substituída pela mão-de-obra dos europeus. Isso levou o negro direto da senzala para as favelas e para os presídios”, disse Cláudia Vitalino, da União de Negros e Negras pela Igualdade Racial e do Conselho Estadual de Direitos dos Negros.
Para Fátima Malaquias, do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro, já há avanços em relação à população negra, mas muito ainda precisa ser feito, principalmente em relação à violência e ao acesso à saúde.
“Os nossos estão morrendo. Se você entrar em qualquer hospital, tem muita gente morrendo e a maioria é negro, mas o alerta principal é em relação à violência: há um genocídio cruel dos nossos jovens”, disse Fátima.
Durante a manhã, também foi feito um cortejo em homenagem a Tia Ciata, um dos ícones do samba carioca, que saiu da antiga casa da matriarca em direção à estátua de Zumbi, em local próximo.
“Se Tia Ciata estivesse viva hoje, ela certamente estaria defendendo o povo de matriz africana e também se colocando contra o genocídio da população negra, a violência contra a mulher. Ela sempre teve essa atitude de abraçar [as lutas]”, disse Gleicy Mari Moreira, bisneta de Tia Ciata.