Amigos e companheiros de profissão do jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado no mês passado no consulado de seu país na Turquia, celebraram hoje (16) em uma mesquita de Istambul um funeral simbólico e sem caixão em sua homenagem.
“Sabemos que Khashoggi foi assassinado e esquartejado no consulado (saudita) para sumirem com seu corpo”, disse aos presentes Yassin Aktay, um integrante do alto escalão do partido turco AKP, que governa o país.
“Só pedimos justiça. Queremos saber o que aconteceu exatamente”, exclamou o dirigente do partido islamita turco sobre o ocorrido em 2 de outubro.
O jornalista, de 59 anos de idade, compareceu ao consulado de seu país em Istambul para realizar um trâmite burocrático para poder se casar com sua noiva turca, mas não voltou a sair da sede diplomática.
Aktay faz parte da chamada associação “Amigos de Khashoggi”, que convocou este ato solene e à qual também pertencem políticos e dissidentes de vários países árabes.
Funerais simbólicos similares já foram realizados nas últimas semanas em várias cidades da Europa, América e do Oriente Médio, como Londres, Meca, Medina, Túnis, Paris e Washington.
“Pedimos justiça não só para Khashoggi, mas também para milhares de pessoas que são perseguidas e mortas a cada dia na Arábia Saudita, no Egito, na Líbia, no Iêmen…”, disse Amr Darrag, ex-ministro egípcio vinculado à Irmandade Muçulmana, um movimento próximo do AKP.
Todos os que discursaram classificaram hoje Khashoggi, que escrevia como colunista para o jornal The Washington Post, como um “mártir”, um adjetivo que na cultura muçulmana se usa para os que morrem durante o serviço de uma causa.
“Segue aberta a pergunta de por que o mataram. E exigimos saber quem é o assassino e quem foi o mandante”, afirmou Aktay.
Vários dos presentes ao ato levaram hoje cartazes com um retrato de Khashoggi junto com outro do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, o homem forte do país, que muitos assinalam como o autor intelectual do assassinato.
O Ministério Público da Arábia Saudita negou ontem qualquer envolvimento do príncipe no assassinato do jornalista, mas pediu a pena de morte para cinco dos 18 supostos envolvidos no crime.