ATENÇÃO AOS SINTOMAS

RS registra primeiro óbito por leptospirose desde início das enchentes

Este é o primeiro óbito pela doença confirmado no Estado após o início das enchentes. Inundações aumentam chances de infecções

Crédito: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini
Crédito: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

A SES (Secretaria Estadual da Saúde) confirmou, na tarde desta segunda-feira (20), o óbito por leptospirose de um homem de 67 anos. Ele residia no município de Travesseiro, no Vale do Taquari. A confirmação se deu após o resultado positivo na amostra analisada pelo Lacen (Laboratório Central do Estado ), em Porto Alegre.

Segundo a SES, esse é o primeiro caso de óbito confirmado no RS após as enchentes registradas desde o final de abril. O óbito do paciente aconteceu na última sexta-feira (17) e o homem teve início de sintomas em 9 de maio.

Contudo, a SES destaca que o caso não é o primeiro do ano no Estado. Isso porque a leptospirose é uma doença considerada endêmica, ou seja, com circulação sistemática no ambiente. Mas episódios como a dos alagamentos aumentam a chance de infecção.

A SES, por meio do Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde), informa que vem realizando o monitoramento de casos suspeitos a partir das notificações realizadas pelos municípios. A secretaria identificou nas últimas semanas um total de 304 casos suspeitos de leptospirose e 19 confirmados.

Antes das enchentes, conforme dados de até 19 de abril do Ministério da Saúde, o Estado já contabilizava no ano 129 casos e seis óbitos. Em 2023, ocorreram 477 casos com 25 óbitos.

A doença e os sintomas

A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda. A transmissão ocorre a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados, que pode vir a estar presente na água ou lama em locais com enchente. O contágio pode ocorrer a partir da pele com água contaminada, além de também por meio de mucosas.

Os principais sintomas da leptospirose são: febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (em especial, na panturrilha) e calafrios. Eles surgem normalmente de cinco a 14 dias após a contaminação, podendo chegar a 30 dias.

Quando uma pessoa apresentar os sintomas, a orientação é procurar um serviço de saúde imediatamente e relatar se teve contato com alagamentos.

Testagem laboratorial

Casos suspeitos oriundos de área de alagamento e com sintomas compatíveis com leptospirose devem iniciar tratamento medicamentoso imediato. Além disso, quando possível, é recomendável coletar amostra a partir do sétimo dia do início dos sintomas para envio ao Lacen (Laboratório Central do Estado).

Tratamento

O tratamento com o uso de antibióticos deve iniciar no momento da suspeita por parte de um profissional de saúde. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, nos casos graves, a hospitalização deve ser imediata, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. A automedicação não é indicada.

Além disso, ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco. Assim, o uso do antibiótico, conforme orientação médica, está indicado em qualquer período da doença, mas sua eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas.

Limpeza

Por fim, nos locais com invasão por água de chuva, recomenda-se fazer a desinfecção do ambiente com água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%). A proporção é de um copo de água sanitária para um balde de 20 litros de água.

Outras medidas de prevenção são manter os alimentos guardados em recipientes bem fechados, manter a cozinha limpa sem restos de alimentos, retirar as sobras de alimentos ou ração de animais domésticos antes do anoitecer, manter o terreno limpo e evitar entulhos e acúmulo de objetos nos quintais ajudam a evitar a presença de roedores. A luz solar também ajuda a matar a bactéria.