LEVANTAMENTO DAS PERDAS

Perdas de empresas gaúchas por enchentes podem chegar a R$ 10 bilhões

A entidade aponta que são cerca de 33 mil estabelecimentos diretamente afetados pelos alagamentos.

Crédito: Mauricio Tonetto / Secom
Crédito: Mauricio Tonetto / Secom

Estudo preliminar realizado pela Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e Serviços do RS) aponta cerca em R$ 10 bilhões de prejuízos por causa do pior evento climático do Estado. A entidade avalia que a perda de PIB do RS decorrente das enchentes chegue a cerca de R$ 40 bilhões, ou, aproximadamente 5% do PIB anual.

A avaliação da entidade traz dois recortes da crise enquanto às perdas. Em uma primeira análise, realizada com base em imagens de satélite, a entidade aponta que os alagamentos afetaram diretamente cerca de 33 mil estabelecimentos nos setores de comércio, serviços e indústria.

A estimativa apenas para perda de ativos é de R$ 5 bilhões. O levantamento não inclui micro e pequenas empresas que funcionam em domicílios residenciais, nem municípios que sofreram maior impacto de enxurrada do que de alagamentos.

Já no segundo recorte, que considera o número de CNPJs, entre matrizes e filiais, as perdas avaliadas são maiores. A Fecomércio-RS calcula que as enchentes afetaram diretamente 10% dos 661.159 CNPJs ativos nessas cidades.

Eles estimam que as enchentes impactaram 66 mil estabelecimentos empresariais, sendo 54,5 mil do comércio de bens e serviços. Nesse cenário, as perdas patrimoniais chegam a cerca de R$10 bilhões, sendo R$8 bilhões referentes a comércio e serviços.

“É imprescindível estarmos embasados por dados que dimensionem o tamanho desta tragédia e seus impactos para pleitearmos ações efetivas em prol de mitigar os seus efeitos”, comenta o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.

“Olhando pelo aspecto econômico, essas são empresas que fazem a nossa economia girar. Geram milhares de empregos e que precisam, mais que nunca, de apoio. Temos trabalhado, neste sentido, por diversas medidas junto às esferas municipais, estadual e federal”, afirma.

Impactos duradouros

A Fecomércio-RS aponta que os 46 municípios que permanecem com calamidade pública decretada concentram 41,6% do PIB gaúcho total. Isso representa 41,5% do PIB da indústria e 50,6% do PIB do setor de comércio e serviços gaúcho. Nessas cidades, estão 42,6% dos CNPJs ativos do Estado e 48,3% dos empregos.

Empresas do setor de comércio e serviços são maioria e os estabelecimentos comerciais foram penalizados, em virtude do Dia das Mães. A data comemorativa de tradicional incremento nas vendas foi “esquecida” diante da tragédia.

A Federação chama atenção, ainda, ao fato de que, mesmo empresas que não tenham sido atingidas diretamente pela enchente, sentem diferentes impactos da crise. Algumas ficaram sem insumos essenciais, sem recursos humanos, ou tiveram a logística para recebimento de matéria-prima. Outras tantas foram prejudicadas pela redução de demanda.

Entre medidas pleiteadas pela Fecomércio-RS – algumas já atendidas – para mitigar os efeitos econômicos gerados pela tragédia climática. Dentre elas, a prorrogação de tributos e da entrega de declarações e isenção total de ICMS para as empresas mais afetadas. Também defende a possibilidade de suspensão de contratos de trabalho com garantia de benefício emergencial aos trabalhadores, autorização para aplicação de banco de horas e aproveitamento de feriados nos períodos em que as empresas estejam fechadas. A Fecomércio pleiteia linhas de crédito facilitadas para recomposição de capital produtivo e estoques, dentre outras.